Nunca o Homem teve ao seu dispor tamanha quantidade de bens alimentares e possibilidade de os aumentar, mas insiste em caminhar na direção contrária.

Já lá vão os tempos em que o Homem vivia do que a natureza lhe oferecia voluntariamente. De geração em geração, a condição humana melhorou, a agricultura seguiu na mesma direção. Ventos favoráveis para as civilizações preparadas, menos favoráveis para os que não acompanharam o ritmo do crescimento, da técnica, do intelecto. Uma evolução que não chega aos quatro cantos do mundo. Um desnível, uma contradição de raças que se propaga e acentua, ano após ano, e empurra países para horizontes distintos.

Um ciclo vicioso que afronta a dignidade humana, põe em causa valores morais, rompe equilíbrios, destabiliza a natureza e escasseia recursos naturais.
Atualmente, os aglomerados populacionais realçam dois conceitos: a subalimentação, estritamente ligada ao subdesenvolvimento, ao trágico flagelo, à morte, à doença, à carência, ao fraco rendimento humano, a problemas económicos e sociais. E a superalimentação diretamente relacionada com a abundância, reservas alimentares, diversidade e consecutiva diminuição de atividade muscular substituída pela máquina. Conjunturas resultantes também pelas condições climáticas (bastante inconstantes), geográficas assim como a densidade demográfica.
Neste sentido, o processo alimentar continua a ser um dos grandes desafios mundiais. Ao contrário do que muitos pensam, este sistema envolve várias problemáticas, desde a introdução à alimentação química (adubos e estrumes artificiais), a inflação dos preços dos bens alimentares, os incidentes meteorológicos extremos, o desperdício alimentar, a monotonia dos regimes alimentares até ao próprio controlo do alimento, à exigência de produtos perfeitos, uniformes e de aspecto apetecível. Um processo alimentar que divide o mundo, ora em regiões subdesenvolvidas, ora em regiões extremamente desenvolvidas. 
A nossa ambição leva-nos a querer para além da nossa própria atmosfera. E os “espaços internos”, as terras abandonadas, os seres humanos muito pouco conhecidos, muito pouco trabalhados, a ausência de instrução, as inexploradas potencialidades agrícolas, por aí algures…Porque contemplamos colónias espaciais e não olhamos para o que está bem perto dos nossos olhos? Parte dos solos podem ser melhorados, irrigados, fertilizados ou cultivados. As populações podem receber instrução, novos modos de cultura, de criação, mudanças de regime alimentar ainda que seja necessária uma boa dose de perseverança. As populações poderiam ser independentes, evitava-se o transporte dos alimentos e aliviava-se a tensão nos países.
Uma produção natural de alimentos para que a agricultura industrializada não seja a única solução do futuro. Para que haja um abrandamento de erosão dos solos, poluição, desperdício de água potável, produção de animais e destruição da vida selvagem. E para que no futuro a quantidade não seja em detrimento da qualidade e chegue para alimentar muito mais pessoas do que alimenta nos dias de hoje.Ou será este o único caminho a percorrer? E os seus efeitos? Não serão pesados demais para a nossa população?