Mensagem do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas no Dia Mundial do Ambiente.

Vivemos num mundo de abundância, onde a produção da comida é superior à procura, mas cerca de 870 milhões de pessoas estão subnutridas e o crescimento retardado na infância é uma pandemia. Para criar o futuro que nós queremos, devemos corrigir essa desigualdade. Devemos assegurar o acesso a uma nutrição adequada para todos, duplicar a produtividade dos pequenos agricultores que cultivam a maior parte dos alimentos nos países em desenvolvimento, e tornar os sistemas alimentares sustentáveis em face dos choques ambientais e económicos. Esta é a visão do meu “ Desafio Fome Zero”, lançado no ano passado na Conferência para o Desenvolvimento Sustentável Rio +20.

Uma forma de minimizar o problema da fome e melhorar o bem-estar dos mais vulneráveis é procurar soluções para a enorme perda e o desperdício inerente aos sistemas alimentares dos dias de hoje. Atualmente, pelo menos, um terço de todos os alimentos produzidos não chegam à mesa das pessoas. Isto é uma ofensa a todos os que têm fome, mas também representa um custo enorme para o meio ambiente em termos de energia, terra e água.

Nos países em desenvolvimento, as pragas, instalações inadequadas de armazenamento e cadeias produtivas ineficientes são os principais motivos para a perda de alimentos. Aqueles que cultivam alimentos para exportação também estão, muitas vezes, à mercê das expectativas de compradores rigorosos que valorizam a perfeição estética. Nos países desenvolvidos, os alimentos jogados fora pelas famílias e pelas indústrias de restauração e hotelaria apodrecem em aterros, libertando quantidades significativas de metano, um gás com um poderoso efeito de estufa.

A perda e desperdício de alimentos são algo que todos nós podemos resolver. É por isso que o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura e os parceiros dos setores públicos e privados lançaram a campanha: “Pensar. Comer. Conservar: Reduzir a pegada alimentar” para aumentar a consciencialização a nível mundial e mostrar soluções relevantes tanto para os países desenvolvidos e como em vias de desenvolvimento.

As infraestruturas e a tecnologia podem reduzir a quantidade de alimentos que se estragam após a colheita e antes de chegarem ao mercado. Os governos dos países podem trabalhar para melhorar a infraestrutura essencial e maximizar as oportunidades de comércio com os países vizinhos. Os países desenvolvidos podem apoiar o comércio justo e racionalizar a ‘data de validade’ e outros sistemas de rotulagem, as empresas podem rever os seus critérios de rejeição de produtos, e os consumidores podem minimizar o desperdício comprando somente o que precisam e reutilizando os alimentos que restaram.

Neste Dia Mundial do Ambiente, encorajo todos os atores da cadeia alimentar global a assumirem a responsabilidade por sistemas alimentares ambientalmente sustentáveis e socialmente justos. A atual população mundial de 7 mil milhões deverá ascender aos nove mil milhões em 2050. Mas o número de pessoas com fome não precisa necessariamente de aumentar. Ao reduzir o desperdício de alimentos, podemos economizar dinheiro e recursos, minimizar o impacto ambiental e, sobretudo, avançar no sentido de um mundo onde todos tenham o suficiente para comer.

Fonte: UNRIC